quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Rutz


A ideia há muito que lhes desfilava na mente: levar para a frente um produto intrinsecamente português, para cá, dar corda à paixão pelos sapatos, para lá. O que veio dar pernas para o negócio da Rutz andar, porém, foi a cortiça, que abriu caminho a um projecto sustentado «nas raízes tradicionais do nosso país», pensaram Raquel Castro e Hugo Baptista - aos quais, entretanto, se juntou a terceira sócia, Teresa Vieira da Cruz -, as cabeças por detrás de uma jovem empresa que caiu aos pés das portuguesas.

Nascida na encruzilhada da crise, em Janeiro de 2012, a marca tem lutado, assumem os seus responsáveis, para que «a grande competitividade» do sector do calçado luso não lhes corte as vazas. A via alternativa que elegeu foi a da diferenciação, que deu cor e motivos bordados à cortiça e germinou na criação da Rutz. Um nome radicado no termo inglês «roots», sem deixar de almejar a novas rotas («routes», na mesma língua). Pisando em terra firme, com o mote rural, estes assumem-se, ainda assim, como sapatos essencialmente «urbanos e ligados às tendências». O futuro, Raquel, Hugo e Teresa querem-no igualmente a curta distância, daí que não dispensem «manter contacto permanente com a comunidade académica» e com outros players do sector da transformação da cortiça, em busca «de novos desenvolvimentos no potencial de aplicação».

Contrariando a célebre canção de Nancy Sinatra (que cantava «these boots are made for walking»), os três sócios garantem que estes sapatos de cortiça «também foram feitos para contar histórias». Na primeira colecção, Love Letters Collection, corre a antiga arte minhota dos lenços dos namorados. É por isso que neles se escreve «curação» ou «namurado», com «u», e «buar», em vez de voar, sem que daí reste «um pingo de vergonha» pelos erros ortográficos. A próxima colecção, também de inspiração nacional, chega em Janeiro.

500 pares de sapatos de cortiça colorida e bordada completaram a primeira de várias encomendas, feita a uma fábrica de São João da Madeira, que continua a dar chão ao calçado Rutz. O design é de Raquel e Hugo, os componentes são todos comprados em Portugal e a execução fica a cabo da mesma unidade sanjoanense, que por vezes tem de chamar os criativos à terra.

Em território nacional, a Rutz está à venda em 34 lojas e já chegou além-fronteiras: primeiro em Hanôver, na Alemanha, depois Odense, na Dinamarca, e Roterdão, na Holanda. Bélgica e Luxemburgo prometem ser as próximas paragens e está ainda em vista um salto até ao Oriente, com negociações em Macau. Estes sapatos de cortiça portuguesa podem ainda viajar até qualquer parte do mundo, através da loja online.

Referência: Artigo "Portugal faz bem - Do pé para a raiz" publicado na edição nº 1034 da revista VISÃO


                        http://www.rutz.pt/pt/stores/

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