segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tiffosi


O logotipo da Tiffosi tem uma máquina de costura vermelha, ao lado das letras brancas sob fundo preto. Mas bem podia ter uma fénix. Como o pássaro mitológico - que entrou em autocombustão e renasceu das cinzas -, também a têxtil minhota esteve à beira da morte... e ressurgiu, pela mão de António Vila Nova. Hoje, já voltou a crescer.

O grupo VNC - projecto liderado por António Vila Nova e "que tem como objectivo comprar, criar e juntar marcas que se adaptem ao mercado do retalho nacional e, depois, internacional" - comprou a Tiffosi em Setembro de 2008, quando esta estava à beira do abismo. E fê-la dar uma volta de 180 graus.

Os números falam por si. "Em 2008, a marca tinha valor, mas vivia com sérias dificuldades: possuía 474 empregados, uma administração familiar com desentendimentos, fazia 29 milhões de euros de vendas, mas tinha cinco milhões de prejuízo em EBITDA [lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização] e seis milhões negativos em resultados líquidos. Agora, vamos fechar este ano com mais de 600 funcionários, 39 milhões de vendas, quatro milhões em EBITDA e dois milhões positivos de resultados líquidos. Ou seja, esta empresa estava para fechar as portas e hoje é completamente diferente", descreve António Vila Nova.

O empresário já tinha know-how do sector do retalho: 15 anos antes fundara a Salsa com os irmãos Filipe e Beatriz (hoje só o primeiro se mantém por lá, embora António e Beatriz ainda sejam accionistas). E quando surgiu o negócio Tiffosi soube "aproveitar a oportunidade". Mas, afinal, qual foi a fórmula mágica? "Isto não tem nenhum segredo. Basicamente, pegámos na empresa, demos-lhe uma orientação específica e fizemos uma boa gestão de stocks", explica o presidente do conselho de administração, lembrando ainda a situação geográfica da Tiffosi: "No Vale do Ave temos todo o know-how de bem-fazer na área do têxtil."

No fundo, a passagem de uma empresa deficitária para um projecto "com perspectivas de crescimento nacional e internacional" baseia-se na trilogia sagrada de Vila Nova. "Temos produtos certos, vendemo-los no local certo e oferecemos uma relação qualidade-preço fantástica", aponta.

De resto, este último ponto é a chave da nova Tiffosi, erguida um pouco à imagem do grupo Inditex (da Zara, Pull&Bear e outras marcas acessíveis), do espanhol Amancio Ortega. "Queremos oferecer muito por pouco. O consumidor quer ter a sensação de que ficou a ganhar. Por isso, o segredo é fazer bons produtos a um preço altamente competitivo", descreve António Vila Nova, recordando uma conversa que teve com o fundador da Inditex: "Uma vez, ele disse-me 'Ó António, tu e eu podemos dar 500 euros por um casaco como este que trago, mas a maior parte das pessoas não. A chave de negócio é vender um que pareça bom como este, mas por 100 euros'."

O conselho funcionou. E a Tiffosi entrou numa segunda juventude. Tem 78 lojas em Portugal. E, depois de ter fechado todos os negócios internacionais - que "eram operações negativas" -, já prepara uma nova investida no estrangeiro, vendendo-se em lojas multimarca nos principais mercados da Europa.

O objectivo é ter a empresa, dentro de dez anos, "como uma das melhores marcas de jeans num ambiente europeu". E António Vila Nova acredita que vai consegui-lo. Porque os jeans são a sua "paixão", numa carreira "construída a pulso, num ambiente de dificuldades"... mas com uma alta margem de sucesso. Afinal, na Tiffosi, como nos outros projectos em que está envolvido (com o grupo Trofa Saúde à cabeça), o empresário nunca vira a cara a uma boa oportunidade de negócio. É assim que faz algumas empresas renascer como a fénix. "E esta acaba por ser a história das nossas vidas", remata.



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