O nadador campeão olímpico Michael Phelps agradeceu, por escrito, a ajuda da Petratex na conquista das oito medalhas de ouro em Pequim. Agora, nos Jogos Olímpicos de Londres, no próximo ano, usará a versão melhorada do fato LZR Racer da Speedo.
O segredo está guardado a sete chaves e são poucos os que o conhecem. “Não deixamos que copiem os nossos modelos”, sublinha o empresário Sérgio Neto. Ou seja, nem o i pôde dar uma espreitadela. Aquela zona da fábrica está vedada a curiosos e só entra quem estiver autorizado e com código de acesso. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, já lá esteve, mas foi obrigado a assinar um termo de confidencialidade exigido pela Speedo, que faz questão de saber quem são as poucas pessoas que já viram o novo fato.
“O fato de natação da Speedo, usado pelo campeão Michael Phelps, em 2008, trouxe-nos notoriedade, mas não representa o que é a Petratex”, sublinha Sérgio Neto, que há 23 anos entrou como director fabril para a empresa de Paços de Ferreira e hoje divide o capital da mesma em partes iguais com o fundador Vítor Magalhães.
Sérgio Neto explica que o vestuário de desporto “high tech” e sem costuras (dito “Nosew”) representa 30 por cento do negócio da Petratex, que é, sobretudo, um forte produtor de moda. Mas foi a tecnologia “Nosew” (peças 100% coladas que, no caso da natação, reduzem o efeito de arrasto, visto não haver costuras), que colocou a empresa de Paços de Ferreira na revista Times, figurando na 26ª posição no “Best Inventions of 2008”. Mais do que isso, a Petratex revolucionou, então, o mercado têxtil.
“Continuamos a crescer neste momento de crise porque vendemos produtos diferentes”, frisa o empresário.
Em 2010, a Petratex, que exporta 100% da produção, facturou 61 milhões de euros. “Este ano vamos ultrapassar os 70 milhões de euros ” e “dentro de dois a três anos estaremos a facturar 100 milhões de euros porque vamos entrar em áreas onde não estamos agora”, revela Sérgio Neto.
Além da produção portuguesa, que assegura 60 por cento do negócio, a Petratex também recorre a Marrocos e à Tunísia, onde, além de duas unidades próprias (em Bizerte e Sousse, com 180 funcionários), trabalha com 40 fábricas locais.
“A nossa ida para a Tunísia acabou por trazer mais negócios para Portugal.
Quando fomos, há oito anos, facturávamos 24 milhões de euros, este ano iremos ultrapassar os 70 milhões de euros. O que quero dizer é que não deslocalizámos negócio nem reduzimos postos de trabalho”, sublinha.
Mas o empresário lembra que o sector em Portugal, apesar de ter futuro, ao contrário do que muitos diziam há uma década atrás, debate-se com o problema da falta de mão-de-obra. “Também sabemos que os filhos das nossas costureiras não vão querer estar à frente de uma máquina”, afirma. A solução é “formar quadros e pensar global”, adianta.
“Ser feliz e não gostar de quem se queixa” Para Sérgio Neto, falar de negócio é falar de felicidade, tanto dos trabalhadores como dos clientes. Conta que “a cultura da Petratex” é uma espécie de cartilha, de onde destaca dois mandamentos: “Ser feliz e não gostar de quem se queixa”.
Todos na empresa têm objectivos a cumprir. “Aqui, as hierarquias são muito planas, consegue-se falar e chegar a quem quer que seja”, explica. É importante que todos conheçam a estratégia da empresa, “desde a administração até à senhora da limpeza”. O lucro em 2010 foi de 1,6 milhões de euros.
Para Sérgio Neto, a felicidade dos trabalhadores traduz-se numa cantina moderna com 400 metros quadrados e vistas para um jardim de 2500 metros quadrados. Em Março, ficará pronto o ginásio.
“Para mim não faz sentido acordar sem objectivos, tenho de fazer a diferença de alguma maneira e contribuir para a felicidade de alguém. É assim, que gosto de estar na vida”, confessa.
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